O DIA: VIGILANTES CRITICAM FALTA DE PLANOS DE SEGURANÇA EFETIVOS E CONTRATAÇÕES DE BAIXO CUSTO

Rio – O trabalho de segurança não é nem um pouco seguro. Para atuar na área, é importante que o profissional tenha preparação e saiba como agir em situações extremas. Leandro Siqueira, 41 anos, trabalha com segurança privada há 20 anos. Ele sabe dos riscos que passa no dia a dia da profissão.

“Trabalhar com segurança privada não é seguro em lugar nenhum do mundo. No Rio de Janeiro, tem uma problemática de não se fazer um plano de segurança efetivo. Quando um shopping contrata uma empresa para fazer o serviço de segurança, não é a empresa que dita o plano, infelizmente. Normalmente, para diminuir os custos, quem dita isso é quem contrata. Isso torna o trabalho ainda mais deficiente. Muitas vezes, onde deveria ter uma pessoa, não tem nenhuma”, contou.

No último sábado (25), o segurança Jorge Luiz Antunes morreu durante um assalto no shopping VillageMall, na Barra da Tijuca, Zona Oeste. Desempregado, ele atuava como freelancer no local há cerca de um ano e meio, recebendo R$ 180 por plantão.

Para atuar como vigilante é necessário fazer um curso com diversas instruções, como defesa pessoal, noções de direito, primeiros socorros, armamento e tiro, além de ter mais de 21 anos e não ser condenado ou processado por um crime. A duração é de um mês e, formado, o profissional é contratado por uma empresa certificada pela Polícia Federal.

Trabalhar com escolta de autoridades e transporte de valores exige outros cursos de especificação. Já em locais fixos como shoppings, bancos e casas de festas, não é preciso. “Se eu estiver trabalhando na segurança de um shopping e me deparar em uma situação com pessoas armadas, vou avaliar se vale a pena reagir à agressão ou me abrigar em um local”, comentou Leandro sobre a importância de estar preparado para situações extremas.

Segundo o presidente do Sindicato dos Vigilantes do Município do Rio (Sindvigrio), Antônio Carlos de Oliveira, a contratação de profissionais de outras áreas para atuar como vigilantes tem o baixo custo como principal motivação. A prática já acontece há bastante tempo, mas o preço pode sair mais caro no final.

“Quando a empresa contrata um controlador de acesso ou porteiro, o piso salarial é menor, não recebe adicional de periculosidade, não existem todos esses requisitos da Polícia Federal… É um custo menor que sai mais caro depois. No VillageMall, poderia ter morrido um refém, um cliente em uma ação desastrosa de um controlador de acesso ou um policial militar fazendo bico como vigilante”, afirmou Antônio Carlos.

De acordo com o sindicato, instituições financeiras são obrigadas a contratar vigilantes por lei. Entretanto, a legislação não se estende a locais como shoppings. Cabe à Polícia Federal fiscalizar se um profissional qualificado está atuando como vigilante.

“Quando o senhor está em um shopping, o senhor não está seguro. Quando entra em um trem, não está seguro. Esses locais deveriam ter a responsabilidade de garantir a segurança das pessoas”, diz Leandro. Os riscos que esses profissionais correm também está ligado ao perigo que o cliente passa. Sendo assim, é preciso que os vigilantes sejam preparados para que o trabalho de segurança seja mais seguro.

Fred Vidal – Supervisão de Thiago Antunes – O Dia